quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A última postagem: Refém do meu cuspe, foi escrita dia 17/01/2017.

Hoje continuo com meu desabafo silencioso, já que imagino que ninguém acesse esse blog.

Eu desejei que fosse só mais um ataque do meu ciclo menstrual, desejei que pudesse passar. Hoje acordei tão bem, acreditei que tudo poderia ser diferente, estou entrando na fase pré-ovulatória, fico alegre, criativa, fase boa para o romance. Mas ele não.
Não é mais culpa do meu ciclo menstrual.

Me dói saber que a possibilidade de não existir mais um nós está muito próxima. De não pensar nele nos compromissos, nos afazeres, de como ajeitar o nosso dia-a-dia, de acordar no sábado sem sua presença.

Quem ama a liberdade não pode temer a solidão, li de um autor muito ousado. Será que amo mesmo a liberdade? Pois não estou preparada para a solidão. Não estarei sozinha, tenho um filho, amigos e amigas, família linda, só nao estou preparada para ficar sozinha dele!

Ele não voltou pra casa, não mandou mensagem, foi jogar futebol, será que foi pra outro lugar, ou apenas está com os amigos? Em questão de uma semana já não sou mais passível de receber informações, embora para questões práticas precisemos nos falar.

De repente me vejo sem chão, sem meu amor. Meu amor dorme do meu lado, mas é como se eu não estivesse ali.

Reconquistar? Será que isso existe? Dizem que a mulher molda o homem, será mesmo? Não é uma responsabilidade muito grande achar que sou capaz de moldar um homem como eu quero? Não é uma invasão de um outro ser? Se é que eu tenho esse poder, não usei.

Lágrimas. Desprezíveis lágrimas, pelo visto serão minhas companheiras por algumas madrugadas.

Refém do meu cuspe

Escrevo em busca do meu sono, que não chega, porque estou presa, amarrada.
Escrevo para encontrar lucidez em alguma palavra.
Escrevo para me confortar, me desiludir, aceitar.
Ele já não me ama mais, ao perceber isso, eu vejo o quanto o amo.
Sou escrava das minhas próprias utopias e crenças.
Cuspes caindo diretamente na testa, aqueles que lancei com tanto orgulho.
Agora minhas crenças me machucam, meus conhecimentos me destroem.
Ele já não me ama mais. Eu, que não acredito no amor eterno, na monogamia, desejo seu amor pra sempre.
Eu, feminista, engulo agora o meu orgulho e desejo ter sido a Amélia, aquela de verdade.
Dói o amor que não vou mais viver. Doi em mim, naquela que acredita no poder do agora e na força do pensamento positivo. Onde estão vocês anjos para quem tanto rezo?
Dói, em mim, que acredito que é ato de amor deixar o grande amor ir quando ele deseja. Dói, que desejo ser egoísta e jogar ao vento as teorias que acredito.
Teorias, eram lindas nos livros, textos, na minha mente. Eram perfeitas, agora são correntes que aprisionam o amor que há em mim, amor que não vou mais viver, que não cultivei.
E se eu não tivesse mudado tanto? Você ainda me amaria?
E se eu tivesse optado pela vida de sempre, trabalhar, filho na creche desde 4 meses, vendo-o umas 2 ou 3 horas por dia? Você me amaria?
E se meu corpo não fosse flácido, meus cabelos sedosos e minha boca vermelha, você me amaria?
Ah, o "e se", como me faz sofrer.
A liberdade tão sonhada agora é minha cela, minha solitária.
Não sou nada daquilo que prego, não honro minhas palavras, elas são apenas cuspe.
Me afogo no meu próprio cuspe.