segunda-feira, 30 de junho de 2014

Ser mulher, nascer e xingar!

Vocês já repararam que a maioria dos xingamentos e palavrões estão associados ou a mãe ou alguma parte do do nosso sistema reprodutor o excretor?
É de se espantar que um dos mais "bonitinhos" seja filho da mãe. Quem já não soltou um "filho da mãe" diante alguma conduta degradável de outra pessoa?

Que mal há em ser filho da mãe? Por que não temos o "filho do pai"? Eu acho que é algo machista e misógino. E a mãe ganha um xingamento, a mãe que pariu, que carregou o filho no ventre, que se entregou para um novo ser, torna-se então comparada a uma "profissional do sexo".

E os xingamentos que se referem à vagina, ao pênis, ao ânus, ao ato sexual, ao sêmen? Partes sagradas do corpo, da vida, que geram vida, ou que eliminam aquilo que não nos serve, mas tornam-se impuros, sujos, nojentos e intocáveis, tornam-se palavrões maquiados com algum apelido.

E por fim, o cocô de cada dia, que ganha inúmeros apelidos, mas que é apenas resultado de tudo o que não coube em nosso corpo, que não pôde ser utilizado e nosso corpo sabiamente elimina.

Não é de surpreender que nem todos gostam de ver mulher parindo, não gostam de falar sobre isso, pois praticamente todo o ato de nascer acabou virando palavrão.

Desde o pênis que entra pela vagina e jorra o sêmen para criar a vida. Desde a vagina por onde o bebê sai. Desde o ânus por onde sai o cocô durante um puxo. Desde o maior e mais puro ato sexual que é parir. Até chegar então na mulher, que serve de portal sagrado para a vida, que dá a Luz! TUDO palavrão, usados para ofender, desprezar, magoar.

E fico aqui a pensar como que o ato tão maravilhoso de união entre homem e mulher, como que o ato tão maravilhoso de nascer, de ser mãe, como que partes sagradas do nosso corpo, tornaram-se xingamentos e palavrões?

Em algum lugar de nossa história o tornar-se mãe e o nascer foram banalizados, ficaram perdidos.