terça-feira, 24 de outubro de 2017

Alma Colorida

Até os meus 26... 27 anos talvez, eu era aquela pessoa que dava risadinhas discaradas e fazia comentários com quem estivesse ao meu lado sobre pessoas "diferentes", aquelas com cabelos estranhos e roupas esquisitas, por mais que eu tivesse frequentado ambientes totalmente "livres", como raves, eu ainda achava estranho alguém na rua com um jeitão "diferente".

Hoje eu admiro, claro, me tornei uma dessas pessoas esquisitas.

A gente só sabe o que acontece com o outro quando nos tornamos parte dele. Hoje eu que estou nesta posição de enfrentar olhares tortos, olhares curiosos e olhares debochantes.

Não dá para voltar no tempo, mas queria pegar cada uma das pessoas que já debochei e dar um abraço apertado de perdão.

Sinto muito que as pessoas se choquem com a vida, com a autenticidade, com a liberdade, com o "diferente".
Sinto muito que o mundo monocromático seja bem aceito.
Sinto muito que as vivências pessoais ainda tenham que transpor barreiras de preconceito, tabus , mitos e crenças.
Sinto muito que a grande maioria das pessoas se permitam ser comandadas por estereótipos da mídia e do sistema.
Sinto muito por esse mundo zumbi em que um corpo nu em um museu choca mais que um corpo morto ou moribundo na calçada.
Sinto muito por esse mundo em que um beijo ofende mais que um tapa.
Sinto muito por esse mundo onde a guerra dá mais Ibope que a paz.

Sinto muito pela falta de cor na alma das pessoas.

Mas tem almas coloridas, os encontros com elas são alucinantes, perfeitos e fazem com que o tempo pare! Sou grata por esses encontros, alguns de poucos segundos, alguns de uma vida!