quarta-feira, 26 de junho de 2013

ATÉ ONDE VOCÊ SE FAZ OUVIR?

Deixei um pouco o universo da maternidade que tem consumido todo meu pensamento para deixar a terapeuta falar, escrever, opinar.

Não quero levantar questões e opiniões sobre a política e o governo, mesmo porque nenhum dos dois me interessa, embora depois desses acontecimentos eu tenha até que me inteirado um pouco para saber o que é realmente tudo isso, pois é um momento histórico e dessa vez não quis ficar tão "alienada".

Quero levantar questões pessoais e íntimas de cada Ser.

É muito bonito ver toda essa mobilização do povo brasileiro para protestar, manifestar, pedir, exigir e "mudar". A voz do povo parece estar surtindo efeito, mas o que pergunto é: "Quem está clamando pela reforma política, gritando nas ruas, nas redes de internet, etc, consegue clamar pelo que quer em casa? No trabalho? Na vida Pessoal?"

As pessoas querem justiça, mas elas exigem justiça em suas próprias vidas? São justas consigo mesmas e atendem seus reais anseios e desejos?

Quem grita na rua, grita em casa? Quem não quer ser comandado pelo governo, consegue ter comando sobre sua própria vida? Ou é comandado pela moda, chefe, televisão, parentes, amigos, estranhos?

Não vai adiantar o tal "gigante" (aliás a Johnnie Walker deve estar bem feliz com a publicidade gratuita) acordar se o gigante interior não despertar. Como eu já havia comentado, continuaremos nesse círculo vicioso e daqui uns 10, 15 anos a população estará novamente lutando pelos seus direitos.

Quem tem coragem para lutar pelo direito de uma nação, deve ter coragem de lutar pelos próprios direitos/vontades. É uma boa época para refletir e perceber a força que cada um tem dentro de si, a força que cada um tem de mudar sua própria vida, ir em busca dos sonhos, dos estudos que foram deixados de lado, da profissão sonhada, do amor vivido em segredo, da vontade de morar em outro lugar, da mudança radical de toda uma vida, mesmo indo contra os padrões impostos pela família, sociedade, revistas, amigos.

Que essa força que está pairando no ar não fique só para o governo, que esse governo não seja o alvo principal, mas sim cada um de nós, pois o mesmo cara que vetou a tal PEC, vai continuar sendo o mesmo cara, com suas características e personalidade, e no futuro ele arrumará outra PEC para votar, quando todo esse alvoroço acabar. E você, fará o quê?

Se a reforma não for interior, tudo continuará igual, com pequenas diferenças apenas, que irão ser apagadas com o tempo.

E a tal greve? A greve é um manifesto contra o governo ou contra a insatisfação contra o próprio trabalho?
Eu não estou mais trabalhando, mas jamais eu negaria um atendimento a um cliente porque estou de greve, sabe por quê? Porque amo meu trabalho e o respeito.
Será que a greve não é um grito de liberdade que está prestes a ser solto? Mas se o chefe/empresa não for à favor da tal greve, será que as pessoas irão aderir?

E por que esse circulo vicioso (corrupção, lutas, conquista, derrotas) não acaba? Porque colocamos nossas expectativas no governo e esperamos que somente ele resolva os problemas e que cuide de tudo, não possuindo o poder sobre nossas próprias vidas, o governo simplesmente fica empoderado e comanda igual robo cada cidadão que se curva perante a ele.
O fim disso seria uma nação consciente e sem governo (no máximo uma organização colaborativa). O bom seria não pagar impostos, ou no mínimo taxas de manutenção para serviços que não pudessem ser feitos voluntariamente. Voluntariamente? Como assim? Bom, alguns exemplos, a rua tem que ser limpa, os buracos tem que ser tapados, a água tem que ser tratada, o lixo tem que ser recolhido, as pessoas tem que ser tratadas em hospitais, etc. Os impostos supostamente servem para esses serviços e muitos outros, porém para não pagar impostos, quem sabe poderíamos contar com serviços voluntários? Se cada empresa privada permitisse que cada funcionário dedicasse um dia da semana para prestar esses serviços, teríamos uma redução considerável nos impostos. Mas quem quer sujar as mãos nas ruas? Quem quer sentir o fedor da água que chega cheia do seu cocô nas estações de tratamento? Qual médico quer abdicar de ganhar com as consultas para um dia como voluntário? Acho que ninguém né, porque todos querem que o governo fazendo tudo.

Ou talvez tudo isso poderia ser simplesmente substituído se tivéssemos líderes amorosos e compassivos, que comandassem um país com amor pelas pessoas, mas o caminho desse amor ainda é longo, ele só poderá estar preenchido de pessoas de bem se começarmos a colocar em prática em nossas vidas e ensinarmos o amor aos nossos descendentes.

Mas até que isso aconteça, iremos continuar a esperar pela aposentadoria dada pelo governo para viver a vida não vivida.

Quem realmente tem coragem de caminhar contra o vento? Sem lenço sem documento?


Por Egle Prema Shunyatta
Terapeuta Corporal Holística e uma pessoa quase livre, quase porque ainda paga alguns impostos e não pode tirar a roupa em público.